Em sua mais recente edição, a conservadora revista semanal
francesa “Le Point” afirmou, em editorial assinado por Nicolas Baverez, que a
saída de Dilma Rousseff do governo é o primeiro passo para
solucionar a grave crise econômica que assusta o Brasil.
Baverez afirma, de chofre, que a Olimpíada de 2016, no Rio
de Janeiro, corre o risco de se transformar, assim como a de Atenas, em 2004 na
Grécia, em sinal de que o País está a caminho da falência. Enxertada no
calendário nacional, custo bilionário, para incensar o inexistente milagre
brasileiro, a Rio2016 pode transformar o outrora líder dos BRICS em símbolo do
colapso econômico dos chamados países emergentes, débâcle que já acontece sob o
manto da incompetência de Dilma Rousseff.
A dinâmica que havia feito do Brasil a sétima economia do
planeta acabou, de acordo com o editorial da revista. Enquanto o crescimento do
PIB chegou a 7,5% em 2010, a economia verde-loura está em recessão em 2015,
pela primeira vez desde os anos 1930, com retração de 3%, índice que pode se
aproximar dos 4%. A inflação oficial atingiu 9,4%, podendo fechar o ano em
10,38%, muito além do centro da meta de 4,5%. O desemprego alcançou a marca de 7,6%
em setembro, podendo a marca de dois dígitos logo no começo do próximo ano.
Enquanto isso, o pode de compra do salário do trabalhador diminui e a pobreza
aumenta.
A revista francesa destaca o déficit duplo que ameaça o
governo petista: o déficit corrente de 4,5% do PIB e o déficit orçamentário de
9%, que elevou a dívida pública a 70% do PIB. O grau de investimento do Brasil
foi rebaixado pelas agências de classificação de risco para a categoria de
investimento especulativo. O real perdeu mais da metade do seu valor em relação
ao dólar, em menos de um ano.
A Petrobras, palco do maior escândalo de corrupção da
História, ilustra o desastre brasileiro, escreve a “Le Point”. Após o maior
aumento de capital da história do capitalismo, a petrolífera registrou mais de
R$ 50 bilhões de perdas em 2014, devido ao gigantesco caso de corrupção. Os
desvios são estratosféricos, que ultrapassam com folga a casa de R$ 10 bilhões,
beneficiaram diversos partidos políticos, em especial o PT, responsável pelo
período mais corrupto da história nacional.
Ponto morto
Os dois propulsores de crescimento do País estão parados. O
consumo interno está em queda livre por conta do elevado endividamento das
famílias, cenário provocado pelo chamado crédito fácil concedido aos bolhões na
última década. Em outro vértice está a venda de matérias-primas, que
representam 60% das exportações brasileiras, afetadas pela crise na China e
pelos preços do petróleo. Além disso, o sistema previdenciário, cada vez mais
insolúvel, corre o risco de implodir.
Segundo a “Le Point”, o Brasil representa todas as piores
características dos emergentes: competitividade degredada, exposição à
desaceleração da economia chinesa; forte dependência da renda de combustíveis;
dívida externa elevada; duplo déficit estrutural.
Dilma procura atribuir a catástrofe a causas conjunturais.
Mas a “Le Point” enfatiza que elas são apenas reveladoras dos profundos
desequilíbrios que minam o país: estagnação da produtividade do trabalho, cujo
custo aumentou em 150% em dez anos; déficit crônico de investimentos (18% do
PIB contra 31% na Índia); fraqueza da concorrência indissociável de um
protecionismo endêmico; indigência dos serviços públicos, corte dos gastos
sociais; fraqueza do Estado, que se traduz em uma corrupção sistemática e um
aumento da violência (alta de 10% dos homicídios).
A revista afirma que as causas da crise são internas e
acrescenta que Dilma não tem nem vontade nem legitimidade para interromper a
espiral infernal na qual a demagogia colocou o seu país. Sua saída do governo é
um requisito à recuperação do Brasil. E finaliza afirmando: “quanto mais cedo
melhor”.
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