Zerar a redação é a pior das maldições no Enem. O zero, nota
de 55.000 candidatos no ano passado, impede a entrada em universidades públicas
e bloqueia as bolsas e financiamentos oferecidos pelo governo nas faculdades
particulares.
Vários especialistas listaram os sete pecados
capitais que podem sacrificar uma redação. O mais comum é fugir do tema
proposto. O mais estranho é desenhar sobre as linhas. “Há outros erros graves,
como defender ideias contrárias aos estatutos dos direitos humanos e escrever
textos curtos demais”, lembra Rafael Pina, professor de redação do Rio de
Janeiro.
I. Fugir do tema
As provas do Enem trazem uma proposta de redação e textos
complementares. A leitura atenta desse material é essencial para a construção
da narrativa. Muitas vezes, os estudantes passam os olhos no material, começam
logo a escrever e terminam se desviando do assunto proposto.
Há quem mude completamente de assunto, e aí o caso está
perdido. “O erro mais comum é o aluno discorrer sobre o tema pedido, mas com a
abordagem errada, diferente da solicitada no exame”, explica o professor Bruno
Rabin, um dos mais experientes do Rio de Janeiro. Rabin dá um exemplo de desvio
do tema: “Numa redação em que o assunto é imigração para o Brasil no século
XXI, o estudante opta por fazer um resgate histórico do problema. Ele vai se
distanciar da abordagem proposta e perderá muitos pontos”.
II. Desrespeitar as normas de escrita
Aqui há todo tipo de erro: desenhar na prova, fazer charge,
mandar recado, escrever poesia. Nada disso pode. “O Enem quer textos
argumentativos, bem fundamentados e que obedeçam ao tema e às normas da língua
portuguesa”, resume Pina.
III. Atacar os direitos humanos
O exame não permite que se atente contra valores
estabelecidos. Vai tirar zero o candidato que defender a pena de morte, disser
que bandido bom é bandido morto, manifestar opiniões racistas ou pregar a
violência, por exemplo.
IV. Escrever muito ou pouco
Os parâmetros são claros. Será imediatamente desclassificada
a redação que tiver menos de sete linhas. O máximo admitido é trinta –
considerado um tamanho suficiente para desenvolver as ideias de acordo com o
modelo de prosa argumentativa proposto pelo exame.
V. Usar impropérios ou gírias
Não há uma proibição explícita, mas os especialistas
recomendam que gírias e expressões coloquiais sejam evitadas. A recomendação é
ainda mais rigorosa para os palavrões.
VI. Identificar-se no texto
O candidato não pode deixar escapar qualquer forma de
identificação. Entram aí desenhos, rubricas ou algum tipo de código que permita
ao corretor saber quem é o autor. A prova do Enem segue o princípio da
impessoalidade.
VII. Não apresentar uma proposta de intervenção social
Muitos alunos escrevem boas redações, mas esquecem de
concluir com a proposta de intervenção social determinada pelas regras do Enem.
“Isso pode até não zerar a redação, mas vai tirar muito ponto”, alerta Rabin.
Que, por fim, dá aos candidatos um conselho que é puro bom senso: “Capriche na
letra. Diante de garranchos, o examinador fica, no mínimo, com má vontade”.
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