sexta-feira, 11 de novembro de 2022

No esquecimento: O maior artista rosariense foi um dos grandes nomes da música nacional!

Temos uma grande dívida para com alguns artistas que, depois de muito contribuírem para o sucesso de nosso Estado, foram relegados ao esquecimento. Entre esses nomes que não deveriam ser esquecidos está o de Nicéas Drumont. Querido e reverenciado por toda uma geração, Nicéas Alves Martins, cujo nome artístico era Nicéas Drumont (1951-1990), foi um dos mais importantes nomes da música brasileira, tendo suas composições gravadas por intérpretes do porte de Sérgio Reis, Fafá de Belém, Zezé de Camargo e Luciano, Sula Miranda, as Irmãs Galvão, Nando Cordel, Ângelo Máximo, Rosa Reis, Nando Reis e Wanessa Camargo e muitos outros. 

Nascido no povoado Itaipu, em Rosário, e vindo de uma família humilde, o rapaz desde cedo demonstrou grande habilidade no trato com as palavras, pois extraía com facilidade a musicalidade escondida por trás de versos por ele mesmo inventados. De alguma forma ele sabia que aquele dom poderia servir mais do que para animar reuniões familiares e encontro com amigos. O talento de Niceas não ficou restrito a seu povoado, a São Luís ou mesmo ao Maranhão. Buscando projetar seu nome, ele resolveu arriscar uma carreira artística fora de sua terra. Mesmo enfrentando dificuldades financeiras e a consequente separação da família, embarcou rumo ao Rio de Janeiro, onde permaneceu por aproximadamente dois anos, enfrentando as dificuldades naturais e os obstáculos de quem contava apenas com o talento e com a vontade de vencer pela própria arte. Após deixar o Rio de Janeiro, o artista maranhense foi aventurar sua sorte em São Paulo, de onde conseguiu se projetar para todo o Brasil. 


Suas composições começaram a tocar nas rádios e ele se tornou um nome bastante requisitado por parte de diversos intérpretes que se encantavam com as apuradas letras e com as soluções melódicas do jovem compositor. Músicas como “A primeira Namorada”, gravada por Ângelo Máximo; “no calor de seus abraços”, na voz das Irmãs Galvão; “Dor de Cabeça”, com Gene Araújo e “Senzalas”, na imortalizada por Rosa Reis eram pedidas por públicos das mais diversas classes sociais, sem contar também que o próprio Nicéas também encantava multidões cantando sucessos como “Gavião Vadio”, “Crioulo Sonhador” e “Meu Fraco”. O talento com a palavra e com os sons permitiam que Nicéas transitasse por diversos gêneros musicais, do samba ao sertanejo, passando pela jovem guarda e pelo forró, com letras capazes de despertar sentimentos múltiplos que podem ir da picardia (Caldinho de Mocotó) ou até mesmo a uma reflexão política, como é o caso de “Peregrinação”. 

Após tanto sucesso, esse artista maranhense foi aos pouco sendo esquecido e suas composições, embora algumas ainda continuem tocando em rádios, hoje mais imortalizam seus intérpretes que lembram o compositor. Há alguns anos, o professor Inaldo Lisboa publicou o livro “NicéasDrumont: O Gavião Vadio”, no qual intercala momentos cruciais da breve passagem de Nicéas pelo nosso mundo com fragmentos de seus principais trabalhos. Mas nem mesmo esse esforço foi suficiente para ressuscitar artisticamente esse talentoso artista. E, na falta de novas edições de seus trabalhos, quem tiver interesse em conhecer as composições desse maranhense ou de ouvir sua afinada voz, dever recorrer aos mecanismos da internet.

Por José Neres