Lula recebeu R$ 4 milhões da Odebrecht, segundo os
documentos obtidos por
Época.
“No papel, dinheiro para ‘palestras’. Na prática, dinheiro
para alavancar os negócios da empreiteira no exterior.”
O “Palestrante” (grafado desse jeito nos papéis
da empresa) foi mobilizado para atuar em locais onde a Odebrecht
enfrentava pepinos em seus contratos, como na Venezuela.
Em outros casos, como enumero abaixo, “as viagens de
Lula eram sucedidas por concessões de empréstimos do BNDES para obras de
infraestrutura no país.”
A Odebrecht também bancou os gastos de R$ 3 milhões com
as viagens (em aeronaves fretadas).
Esses gastos incluem transporte e hospedagem em hotéis “5
estrelas ou superior”, além de bebidas alcoólicas em alguns casos
(fora do contrato).
Eis um resumo do suposto tráfico de influência do Brahma,
com base nas informações da revista.
1) Venezuela
Cachê: R$ 330 mil.
Junho de 2011:
Lula dá “palestra” na Venezuela sobre “Avanços
alcançados até agora pelo Brasil”.
“Lula se encontra com o empresário Emílio Odebrecht,
pai de Marcelo Odebrecht, hoje preso em Curitiba, e com o então presidente
venezuelano, Hugo Chávez, morto em 2013.
Era um momento de tensão entre o governo venezuelano e a
empreiteira, que cobrava uma dívida de US$ 1,2 bilhão.
Telegramas sigilosos do Itamaraty sugerem que Lula e Chávez
trataram sobre a dívida.”
Quatro dias depois:
Chávez se encontrou com Dilma em Brasília.
A dívida com a Odebrecht já estava acertada.
2) Angola
Cachê: R$ 158 mil + R$ 479 mil.
a) 30 de junho e 1o de julho de 2011:
Lula foi contratado pela Odebrecht para dar uma palestra na
Assembleia Nacional em Luanda sobre “O desenvolvimento do Brasil – modelo
possível para a África”.
“Em seguida, Lula se reuniu por 40 minutos com o presidente
do país, José Eduardo dos Santos.
Após a conversa, Lula se encontrou com Emílio Odebrecht e
com diretores das empreiteiras Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade
Gutierrez.”
28 de julho de 2011:
“BNDES liberou um empréstimo de US$ 281 milhões (R$ 455
milhões, em valores da época), tão aguardado pela Odebrecht, para a construção
de 3 mil unidades habitacionais e desenvolvimento de infraestrutura para 20 mil
residências em Angola.”
b) 6 de maio de 2014:
“Lula e Emílio Odebrecht voltaram a se encontrar em Angola.
Na manhã do dia seguinte, Lula teve uma reunião de
cerca de uma hora com o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.
Nesse encontro, discutiram, entre outros assuntos, a linha
de crédito do BNDES para a construção da hidrelétrica de Laúca, segundo
telegramas do Itamaraty.”
Dezembro de 2014 (7 meses após a visita de Lula):
“O ministro de finanças de Angola, Armando Manuel,
assinou o acordo de financiamento com o BNDES.”
Maio de 2015:
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, parceiro de
Lula no Foro de São Paulo, deu o último aval para a liberação de um empréstimo
que pode chegar a US$ 500 milhões (R$ 1,5 bilhão).
3) Cuba:
a) Entre 28 de janeiro e 3 de fevereiro de 2013:
Lula vai com Alexandrino Alencar para Cuba e República
Dominicana.*
Naquela ocasião, Lula visitou o Porto de Mariel, parceria
entre a Odebrecht e o governo cubano, que recebeu US$ 832 milhões do
BNDES.
4 meses depois:
“BNDES liberou a quinta parcela do financiamento do
projeto, de US$ 229,9 milhões (R$ 482,7 milhões), que estava represada devido
ao atraso nos pagamentos e à falta de garantias para a operação.”
4) República Dominicana
* Cachê: R$ 373 mil.
31 de janeiro:
“Lula desembarcou na República Dominicana, onde se encontrou
com o presidente Danilo Medina.
E lá foi o líder petista visitar, novamente, outro canteiro
de obras da Odebrecht.”
6 meses depois:
“A Odebrecht conseguiu mais US$ 114 milhões (R$ 228 milhões)
do BNDES para desenvolver o corredor Viário Norte-Sul no país.”
Por: Felipe Moura Brasil