Dr. Benedito Pereira Leite, nasceu do dia 04 de Outubro de 1857, na então Vila do Rosário Maranhão. Filho de Antonio Leite Pereira e Anna de Souza Leite. Brasileiro de nascimento e de coração, nascido em uma época de agitação e de ardor patriótico, no período entre a guerra do Prata e do Paraguay, criado e educado sob a influência do notável movimento intelectual de então, Dr. Benedito Leite não podia deixar de trazer consigo a orientação e a intuição da luta pelo engrandecimento da Pátria. De seu venerando pai, português e negociante, herdou a índole pacifica e perfeito equilibrio de sua poderosa intelectualidade. Fez seus estudos primarios na villa do Rosário, na aula do professor Adrilo Gonçalves Lima.
Em 1872, matriculou-se no antigo colégio Imaculada Conceição em São Luís, dirigido pelos padres Raimundo Fonseca, Raimundo da Purificação e Theodoro Castro e ali estudou os preparativos exigidos para o curso superior da Faculdade de Direito, indo prestar exames no Liceu, perante a respectiva comissão. Distinguio-se sempre por sua fina penetração de vista, lúcida inteligencia e assidua aplicação aos estudos.
Em 1877 foi para o Recife, onde fez o último preparatório que lhe faltava, matriculando-se no ano seguinte na Faculdade de Direito. Ali gosou durante todo o tempo do curso de inúmeras amizades e foi alvo de merecidos elogios por parte de seus mestres, não só pela conduta exemplar que sempre teve, como pelas boas provas que apresentava por ocasião dos exames. Formado em Ciências Jurídicas e Sociais, regressou ao Maranhão, sendo em Janeiro de 1883 nomeado Promotor Público da comarca do Brejo, pelo então Presidente da Provincia Dr. José Manoel Freitas. Desde então começa a sua vida política como membro do partido conservador.
Como Promotor do Brejo, fundou ali a Sociedade Abolicionista Emancipação dos Escravos, tornou-se um esforçado paladino da libertação dos negros, o que lhe fez sofrer uma severa advertência do governador Ovidio João Paulo de Andrade, que o ameaçou até com a demissão do cargo. A resposta que deu ao oficio do Governo, que lhe transmitia a advertencia e ameaça, é uma peça vibrante de independência e patriotismo, que dá justa medida da nobreza dos seus sentimentos e da firmesa do seu caracter. Nos tres anos seguintes, 1884-1885 e 1896, foi successivamente Juiz Municipal e de Orfãos dos termos de Barreirinhas, Itapecurú e Coroatá, onde o alcançou o advento da Republica. Em todos estes lugares serviu a contento geral e tanto amigos como adversarios politicos prestaram-lhe a devida homenagem, testemunho eloquente de seus merecimentos, alem de ter recebido diversas manifestações honrosas publicadas nos jornais da capital São Luís.
O seu gênio ativo e empreendedor revelava-se pelo desejo que tinha de melhorar as condições da localidade em que vivia.
Em Coroatar teve a idéia da fundação de uma Escola Pública destinada a instrução, chegando até a lançar a primeira pedra para a construcção do edificio, diante enorme massa popular e proferindo aplaudido discurso. A 30 de Março de 1889, vindo do Coroatá para São Luís, em goso de licença, casou-se com Angelica Pires Ferreira, filha de Antonio Pires Ferreira e Elvira Gonçalves Pires Ferreira, vindo a ter três filhos. Proclamada a República, foi pelo Governador dr. José Thomaz Porciuncula nomeado Inspetor do Tesouro Publico do Estado, quando se achava examinando a mesma repartição uma comissão presidida pelo Conselheiro Gomes de Castro, cargo em que prestou valiosissimos serviços à administração estadual, servindo com os governadores Porciuncula, Manoel Inácio, Gomes de Castro, Tarquinio Lopes, Vianna Vaz, Lourenço de Sá e outros. Merece especial menção a vigorosa independencia e altivez que sempre manteve nos seus atos, jamais faltando a justiça e ao direito. Fez parte da comissão incumbida de elaborar o projeto da Constituição politica do Estado do Maranhão a qual prestou o importante concurso de seus variados conhecimentos.
Deixando o cargor de Inspetor do Tesouro e não querendo voltar a carreira de magistratratura, abriu em São Luís um escritório de advocacia e entregou-se a campanha jornalistica, redigindo "O Nacional", orgão do partido do mesmo nome, contra a situação política do Estado. Data desta época a sua atividade francamente politica. Dado o golpe de Estado a 3 de Novembro de 1891 e deposto o Governador Lourenço de Sá, fez juntamente com o coronel Joaquim Manoel de Medeiros, capitão tenente Othon de Carvalho Balhão e Raimundo Joaquim Ewerton Maia e Francisco da Cunha Machado, parte da Junta Governativa do Estado. Restabelecida a situação dominante, foi deposto novamente o Governador Lourenço e aclamada a 18 de Novembro de 1891 outra Junta composta por Benedito Leite, Cunha Machado e Ewerton Maia, a qual governou até 8 de Janeiro de 1992, quando se empossou Governader aclamado capitão tenente Manoel Ignacio de Belfort Vieira.
Formado o partido Federalista composto dos grupos politicos denominados Nacional Católico e Constitucional, fez parte da Diretoria do mesmo partido, onde representava o primeiro daqueles elementos, sendo mais tarde o Dr. Benedito Leite proclamado presidente pelos seus correligionários, que nele viam o esforço e dedicação desinteressada pelo triunfo da causa em que se empenharam.
Fez parte do Congresso Constituinte do Estado no ano de 1891. Em 31 de Dezembro de 1892 foi juntamente com Luiz Domingues e Christino Cruz eleito deputado federal, em cuja câmara se conservou até 16 de Janeiro de 1896, quando foi distinguido com a cadeira de Senador da República, na vaga do General Cunha Junior. Reeleito Senador na legislatura seguinte, já levava os pares o mais justo acatamento de suas idéas sempre beneficas e instrutivas.
Do Senado saiu para a administração do Estado, cujo exercício assumiu de Março de 1906, tendo sido eleito a 31 de Agosto de 1905. Nesse novo posto permaneceu até 24 de Maio de 1908, quando por imposição de uma junta médica teve de abandonar a sua terra natal, embarcando para a Europa acompanhado de sua virtuosa esposa e de seus dos jovens filhos Antonio e Anna Leite. Na câmara e no senado fez parte da comissão de finanças, sendo que nessa última casa do Congresso foi por muitos anos o relator do orçamento do ministério da guerra. A sua opinião era sempre ouvida a respeito das mais importantes questões que se agitavam no parlamento. Há mais de três anos na direção politica do partido dominante no Estado, o Dr. Benedito Leite impulsionou todos os ramos do serviço público com o influxo benefico de seu espirito extraordinariamente empreendedor e progressista. É de sua exclusiva iniciativa a criação da Biblioteca Publica, Reparação de Estatistica Registro Civil, Escola Modelo, Corpo de Bombeiros, Imprensa Oficial, Reforma Judiciaria, do Liceu Maranhense, e da Escola Normal, secularização do cemitério, Casamento Civil gratuito, Construção de linhas telegraficas, fundação de grupos escolares e Externatos de ensino, etc.
Dentre os relevantes serviços prestados a sua terra natal destaca-se a sua iniciativa no Senado Federal, apresentando o projeto de construcção da Estrada de Ferro S. Luiz a Caxias que trouxe grande desenvolvimento para Rosário e todo o Estado do Maranhão.
Benedito Leite faleceu no dia 6 de Março de 1909 em Hyeires na França aos 51 anos.
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