Eleito e reeleito governador do Maranhão sob discurso da
mudança e da libertação, o ex-juiz federal Flávio Dino (PCdoB) busca agora
apoio do ex-presidente e ex-senador da República José Sarney (MDB-MA) – até
outro dia apontado por ele como responsável por meio século de atraso do estado
– para conseguir disputar a Presidência da República em 2022 contra Jair
Bolsonaro (PSL).
Em entrevista publicada na edição mais recente da revista
IstoÉ, o comunista voltou a tecer elogios a Sarney, novamente o defendeu como
“uma liderança política importante”, não escondeu que partiu
dele a aproximação com o emedebista e reafirmou que pretende manter
novos diálogos com o ex-adversário – apenas no campo nacional, se desdobra para
explicar.
“O ex-presidente José Sarney é nosso adversário regional,
mas também uma liderança política importante no Brasil. Na medida em que prego
a busca de ampla interlocução, inclusive, em direção ao centro político, ao
pensamento liberal no Brasil, é claro que, por dever de coerência, eu teria de
dar uma demonstração prática de que não é em razão de contradições efetivamente
existentes que você deve sacrificar o principal. Sem que haja qualquer tipo de
acordo regional, porque não houve, de fato, nem da parte dele, nem da minha
parte, mantivemos e manteremos um bom diálogo a respeito dos temas nacionais.
Esse é o caminho certo”, disse.
Apesar de ainda não ter o nome incluído em pesquisas de
intenção de votos sobre o próximo pleito ao Palácio do Planalto, Dino tem se
movimentado nos bastidores e publicamente para ser escolhido como o candidato
da esquerda, com
o apoio do ex-presidente Lula (PT), e do centro.
Em julho, em entrevista à agência Pública – em
que atacou Bolsonaro, Sergio Moro e a Lava Jato –, o comunista já
havia sustentado que não teria agindo com incoerência ao procurar Sarney, na
residência do ex-presidente, em Brasília (DF), para tratar sobre política.
“O que me motivou e com certeza motivou a ele, e isso ficou
claro na conversa, foi essa leitura do quadro nacional. E ao mesmo tempo, da
minha parte, um reconhecimento de que as disputas políticas no Maranhão não
acontecerão mais do mesmo modo”, destacou, enigmático.
Sobre a aliança esdrúxula, até o momento, entre os políticos
maranhenses apenas
o deputado estadual Wellington do Curso (PSDB) tem feito críticas e
manifestado repúdio a dualidade de Flávio Dino.
“O que mudou? O que mudou para o governador Flávio Dino? Se
antes José Sarney era o atraso, ele vai em busca do atraso? Tem algo errado,
tem algum golpe se aproximando. Ele fala tanto de golpe, tem algum golpe se
aproximando”, alertou o tucano.
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