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Os eleitores tradicionais do PT deveriam ser os mais
empolgados em participar dos protestos contra Dilma. São eles as grandes
vítimas, foram eles que o partido mais traiu e enganou. Desde anos 80, eles
ajudaram na campanha, convenceram vizinhos e amigos, se emocionaram quando o PT
venceu as eleições. No poder, o partido fez todo o contrário do que eles
esperavam.
Vinte anos atrás, o PT dizia que era um partido diferente,
avesso a negociatas e à corrupção. Hoje se esforça para nos convencer que é tão
corrupto quanto os outros.
Muita gente votou no PT por defender a legalização do aborto
e das drogas. Mas Lula não teve coragem de tocar nesses assuntos nem mesmo
quando tinha o Brasil a seus pés, a 82% de aprovação.
O PT prometeu uma política econômica diferente da tucana; em
2003 e 2015, chamou executivos do mercado financeiro para tocar a política
econômica (ainda bem).
O PT dizia que acabaria com o privilégio dos ricos, mas
gastou mais dinheiro favorecendo grandes empresários aliados ao governo que
ajudando os pobres. O subsídio dos empréstimos secretos do BNDES custa 35
bilhões de reais por ano; o Bolsa Família, 24 bilhões. A maior beneficiária dos
empréstimos do BNDES é a Odebrecht.
A última razão que havia para seguir apoiando o partido é o
combate à pobreza. Milhões de pessoas saíram da miséria durante o governo Lula,
não se pode negar. Assim como não se pode negar que, por responsabilidade do
governo, tudo isso está em risco. O desemprego não para de subir; 370 mil
pessoas desceram para baixo da linha da miséria em 2014.
Os eleitores tradicionais do PT não estão sendo sinceros com
si próprios quando dizem que “o PT se deixou contaminar”, “teve que se aliar às
frutas pobres e jogar o jogo da política”. Não adianta disparar contra a Veja
ou demais mensageiros. Pelo contrário, os petistas tradicionais deveriam ser os
mais atentos às denúncias de corrupção, os mais preocupados em extirpar os
integrantes que transformaram em motivo de piada o partido que eles tanto
amavam.
@lnarloch
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