O Ministério Público de São Paulo denunciou nesta
quarta-feira o ex-presidente Lula pelos crimes de lavagem de dinheiro, na
modalidade de ocultação de patrimônio, e falsidade ideológica. A denúncia foi
apresentada nesta tarde pelo promotor Cássio Conserino, que comanda as
investigações contra o petista. Outras quinze pessoas, incluindo a
ex-primeira-dama Marisa Letícia e Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, um dos
filhos do casal, também foram acusadas. Segundo o MP, Lula é o verdadeiro dono
do tríplex no Guarujá (SP), reformado pela construtora OAS.
Lula recusou-se por duas vezes a depor na investigação. Nas
últimas semanas, a defesa de Lula encaminhou informações por escrito ao
promotor de São Paulo e conseguiu um habeas corpus no
Tribunal de Justiça do Estado, depois de recorrer também ao Conselho Nacional
do Ministério Público e ao Supremo Tribunal Federal contra o promotor.
A denúncia contra o ex-presidente decorre da investigação de
fraudes em negócios realizados pela Bancoop, cooperativa habitacional de
bancários que deu calote em seus associados enquanto desviava recursos para os
cofres do PT. A Bancoop quebrou em 2006 e deixou quase 3 000 famílias sem seus
imóveis, enquanto viam, inermes, petistas estrelados receber seus apartamentos.
Em abril do ano passado, VEJA revelou que, depois de um pedido feito por Lula
ao então presidente da OAS, Léo Pinheiro, seu amigo do peito condenado a
dezesseis anos de prisão no petrolão, a empreiteira assumiu a construção de
vários prédios da cooperativa. O favor garantiu a conclusão das obras nos
apartamentos de João Vaccari Neto, aquele mesmo que, até ser preso pela
Operação Lava-Jato, comandou a própria Bancoop e a tesouraria do PT. A OAS
assumiu também a reforma do tríplex de 297 metros quadrados no Edifício
Solaris, de frente para o mar do Guarujá, pertencente ao ex-presidente Lula e a
sua esposa, Marisa Letícia.
A OAS desempenhou ainda o papel de "laranja" de
Lula, passando-se por dona do tríplex. A manobra foi cuidadosamente apurada
pelos promotores do Ministério Público de São Paulo, que trabalham a apenas
quinze minutos de carro da sede do Instituto Lula. Durante seis meses, eles se
dedicaram a esquadrinhar a relação entre a OAS e o patrimônio imobiliário dos
chefes petistas. Concluíram que o tríplex no Guarujá é a evidência material
mais visível da rentável parceria de Lula com os empresários corruptores que
hoje respondem por seus crimes diante do juiz Sergio Moro, que preside a
Operação Lava Jato. Os promotores ouviram testemunhas e obtiveram recibos e
contratos que colocam o ex-presidente na posição de ter de explicar na Justiça
as razões pelas quais tentou de todas as maneiras negar ser o dono do tríplex.
Para os promotores, as negaças de Lula configuram o crime de lavagem de
dinheiro.
fonte: Veja
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